Roteiro Camiliano em Famalicão

Lugares de Famalicão
na obra de Camilo




Igreja de S.Tiago de Antas

O grupo de professores em formação saboreia excertos do escritor famalicense, junto à conhecida igreja.
"Volvidos dias, Rui Gomes e o escravo oravam à porta do templo mozárabe de S.Tiago de Antas, a meia légua do paço de Ninães."
O Senhor do Paço de Ninães



Igreja de Abade de Vermoim
"Seis de Janeiro de 1832. Manhã chuvosa e frigidíssima. O zimbro rufava nas frestas envidraçadas da igreja de Santa Maria de Abade. Ringiam as carvalheiras varejadas pelo norte. Ao arraiar do dia, a devota dos Três Reis Magos, a tia Bernabé, tecedeira-viúva do operário Bernadé, que lhe deixara o nome e uma cabana com sua horta-, ergueu-se, foi á residência paroquial pedir a chave da igreja;e, sobraçando a bassoura de giesta para barrer o chão, e a almotolia para mover as lâmpadas, entrou no adro. Ao passar em frente da porta principal, ajoelhoiu, persignou-se e orou. Neste momento, ouviu o vagir convulso e ´ríspido de criança. Voltou o roasto para o lado donde lhe parecia sair aquele choro. Não viu alguém.Espantou-se. "
O Comendador, in Novelas do Minho


Margens do Rio Pele
"Ao fundo das bouças ladeirentas, rugia o Pele nos açudes das azenhas e nas guardas dos pontilhões. Lamelas era da parte d'além. Mas o rio, de monte a monte, rugia intransitável nas pequenas pontes. Foi à de Landim, uma aldeia engravatada, onde ainda se avistavam clarões de luz nas vidraças das famílas distintas que jogavam a bisca em ricos saraus do faubourg Saint Honoré, com uns deboches sardanapalescos de sueca a feijões."


A Brasileira de Prazins

Casa de Roboredo
"É esta sala artesoada, apainelada, recamada de laçarias e grinaldas, mirificamente lavradas e douradas em madeira, magnificência superior a quanto lhe podem deparar casas antigas nestas províncias do norte. Que esplendores não dardejaria todo aquele ouro por sobre as colgaduras e guadamecins das paredes, naquele ano de 1576, se hoje ainda se vão os olhos nos primorosos, bem que desbotados, lavores da sala vaga do senhor de Roboredo."
O Senhor do Paço de Ninães


Mosteiro de Landim
"E, de feito, o atormentado moço ia guiado por mão da piedade através dos arvoredos que separavam o seu solar do mosteiro de Landim"


Ana Plácido



Não podemos estudar Camilo Castelo Branco sem fazer referência ao nome Ana Plácido, a paixão que o levou à prisão, a mulher que o acompanhou e o apoiou até ao fim.

Ana Augusta Plácido nasceu em 1831. Filha de António José Plácido Braga e de Ana Augusta Vieira, ficou conhecida como “a companheira de Camilo”.

Ana Plácido não foi uma mulher comum. Além de ter enfrentado a sociedade do século XIX ao abandonar o marido – Pinheiro Alves – por amor a Camilo, Ana foi escritora num país onde não era permitido a uma senhora “além de conversar, sorrir, amar, dançar – pensar!” , como se pode ler na introdução, escrita por Júlio César Machado, ao livro Luz coada por ferros.

Colaborou em jornais e revistas (Gazeta Literária, Revista Contemporânea, O Nacional, O Futuro…), traduziu alguns romances de Amédée Achard e Benjamin Constant e escreveu Luz coada por ferros (1863) e Herança de Lágrimas (1871). Utilizou os pseudónimos Lopo de Sousa, Gastão Vital e A. A..

Na obra Luz coada por ferros transparece uma mulher amargurada “coração crucificado pela dor e pela crueza d’um mau destino”. Dedica a obra à irmã – Maria José Plácido – e afirma que “das muitas pessoas que me cortejavam nos dias opulentos, poucas ou nenhumas me conhecem hoje.”

Ana Plácido foi “uma mulher extraordinariamente forte e até de carácter viril”, afirmou Maria Amélia Campos, autora da primeira biografia de Ana Plácido - Ana, a lúcida – em declarações à Lusa.

Ana Plácido morreu em 1895.

Na Casa de Camilo

Viajar ...com Camilo

Viajar com Camilo

Na Casa de Camilo

Vida de Camilo



No dia 6 de Junho de 1890 o periódico semanal Pontos nos iis noticiava a morte de Camilo:


Camillo era o único escriptor verdadeiramente grande, do Portugal de nossos dias, e em meio da figura sabia, como a d’um colosso sardónico, amesquinhando todos os que se lhe approximavam. Referem os jornaes, que á chegada do seu cadaver, ao Porto, não havia na gare senão os reporters de dois ou tres jornaes, a recebel’o. Registra-se uma semelhante infamia, sem protesto, pois compensando-a, sabe o Porto, quando quer, estadear préstitos de pompa, e fazer salvar as fortalezas, se acaso lhe penetra os muros algum genio mais da sua… comprehensão.

No dia 11 de Junho O Occidente reservava a capa e, em quatro páginas, lembrava a vida e obra de Camilo.
E’ claro, é evidente que estamos em face de uma verdadeira e terrível epidemia – a epidemia dos suicídios.”

Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa no dia 16 de Março de 1825. Depois da morte dos pais, viajou para Vila Real com a irmã, Carolina, para casa da tia Rita Emília.


Entre 1839 e 1841 mudou-se com a irmã para Vilarinho de Samardã, quando esta casou com Francisco José de Azevedo.


Com 16 anos casou com Joaquina Pereira de França e instalou-se em Friúme.


Em 1846 encontrou em Vila Real a jovem Patrícia Emília de Barros e fugiu com ela para o Porto, sendo perseguido pela justiça.


Vivendo entre o Porto e Lisboa, a partir de 1850, escreve em vários jornais.


Em 1860 é preso, porque mantinha uma relação amorosa com uma mulher casada – Ana Plácido.


Quando o ex-marido de Ana Plácido, Pinheiro Alves, morre em 1863, o casal vai viver para a sua casa, em São Miguel de Seide. Em 1885 obtém o título de visconde. Em 1888 contrai oficialmente matrimónio com Ana.


Camilo Castelo Branco morre no dia 1 de Junho de 1890.


“Para a mocidade do nosso tempo era consolador e tónico ver aquelle velho, a cabeça pendente e precocemente branca, curvado para o chão, arrastando-se como um paralytico, os olhos cerrados á luz e vendados por umas lunetas negras, as narinas afiiadas, covas grandes nas faces como se o vampiro da doença lhe tivesse chupado o sangue, macillento, cadavérico, pobre esqueleto ambulante, vêl o apesar de tudo, protesto eterno, suprema victoria do espírito, arrancar do cérebro as mais bellas florescencias do génio, os encantos da arte mais primorosos e captivantes, as ironias penetrantes (…)”

Jayme Victor, O Occidente



Camilo na Escola





Um estudo de Camilo Castelo Branco direcionado aos alunos do Ensino Básico.
















Duas obras clássicas da Literatura Portuguesa contada aos mais novos.

Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena



O roteiro inclui seis locais de Ribeira de Pena ligados ao escritor, como a casa onde viveu em Friúme, a Igreja do Salvador onde casou aos 16 anos, a Capela de Nossa Senhora da Guia, a Capela da Granja velha e a Ponte de Arame.

O circuito leva-nos também ao concelho vizinho de Cabeceiras de Basto para visitarmos a Ponte de Cavez, junto à qual se localizam a Casa da Ponte e a Capela de São Bartolomeu.


O autor do roteiro, Francisco Botelho, refere que estes "São locais com evidente valor patrimonial, cuja importância é enaltecida pela descrição que deles faz o escritor."

Francisco Botelho concebeu um Desdobrável com mapa e imagens dos locais a visitar, um Painel identificador do circuito, junto aos edifícios, com elementos descritivos patrimoniais e excertos da obra de Camilo a ele alusivos, Fichas de Visita, com informações sobre o imóvel e que permitem a leitura de textos de Camilo. Preparou também a edição dos “Contos ribeirapenenses de Camilo”, uma colectânea de três pequenos contos passados em Ribeira de Pena e que incluem os espaços geográficos visitados durante o circuito.

http://ribeiradepena.blogspot.com/2006/04/roteiro-camiliano-em-ribeira-de-pena-i.html

Espaços em Camilo


A "Tebaida" de Camilo destruída por um incendio. - Um forte incendio destruiu por completo a famosa "Tebaida" onde viveu em S. Miguel de Seide, Famalicão, o primeiro romancista portuguez. Foi ali que Camil'o Castelo Branco produziu essas grandiosas obras que hão de imortalisar o seu nome; foi ali que o mais extraordinario romancista do ultimo quartel do seculo XIX sofreu as mais pungentes e acerbas dores e onde acabou com a sua preciosa existencia, desfechando na cabeça um revolver. D'esse edificio rustico que tantas recordações evocava, existem hoje apenas ruinas carbonisadas que o tempo desfará. As recordações, porém, ficarão emquanto forem lidas as obras do imortal escritor.