Vida de Camilo



No dia 6 de Junho de 1890 o periódico semanal Pontos nos iis noticiava a morte de Camilo:


Camillo era o único escriptor verdadeiramente grande, do Portugal de nossos dias, e em meio da figura sabia, como a d’um colosso sardónico, amesquinhando todos os que se lhe approximavam. Referem os jornaes, que á chegada do seu cadaver, ao Porto, não havia na gare senão os reporters de dois ou tres jornaes, a recebel’o. Registra-se uma semelhante infamia, sem protesto, pois compensando-a, sabe o Porto, quando quer, estadear préstitos de pompa, e fazer salvar as fortalezas, se acaso lhe penetra os muros algum genio mais da sua… comprehensão.

No dia 11 de Junho O Occidente reservava a capa e, em quatro páginas, lembrava a vida e obra de Camilo.
E’ claro, é evidente que estamos em face de uma verdadeira e terrível epidemia – a epidemia dos suicídios.”

Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa no dia 16 de Março de 1825. Depois da morte dos pais, viajou para Vila Real com a irmã, Carolina, para casa da tia Rita Emília.


Entre 1839 e 1841 mudou-se com a irmã para Vilarinho de Samardã, quando esta casou com Francisco José de Azevedo.


Com 16 anos casou com Joaquina Pereira de França e instalou-se em Friúme.


Em 1846 encontrou em Vila Real a jovem Patrícia Emília de Barros e fugiu com ela para o Porto, sendo perseguido pela justiça.


Vivendo entre o Porto e Lisboa, a partir de 1850, escreve em vários jornais.


Em 1860 é preso, porque mantinha uma relação amorosa com uma mulher casada – Ana Plácido.


Quando o ex-marido de Ana Plácido, Pinheiro Alves, morre em 1863, o casal vai viver para a sua casa, em São Miguel de Seide. Em 1885 obtém o título de visconde. Em 1888 contrai oficialmente matrimónio com Ana.


Camilo Castelo Branco morre no dia 1 de Junho de 1890.


“Para a mocidade do nosso tempo era consolador e tónico ver aquelle velho, a cabeça pendente e precocemente branca, curvado para o chão, arrastando-se como um paralytico, os olhos cerrados á luz e vendados por umas lunetas negras, as narinas afiiadas, covas grandes nas faces como se o vampiro da doença lhe tivesse chupado o sangue, macillento, cadavérico, pobre esqueleto ambulante, vêl o apesar de tudo, protesto eterno, suprema victoria do espírito, arrancar do cérebro as mais bellas florescencias do génio, os encantos da arte mais primorosos e captivantes, as ironias penetrantes (…)”

Jayme Victor, O Occidente



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